21 DE MARÇO - DIA MUNDIAL DA POESIA (2)
Aqui ficam alguns poemas...
Quando as crianças brincam
E eu as oiço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar
E toda aquela infância
Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.
Se quem fui é enigma,
E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta
Isto no coração
Fernando Pessoa
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é o meu norte
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Aonde há espaço:
Meu tempo é quando.
Vinicius de Moraes
O gafanhoto
Josezinho gafanhoto,
Piloto aviador,
bafejado pela aragem
descola só com um motor.
É manhã e o sol brilha.
Todos os barcos da ilha
há muito presos no porto
vibram à sua passagem:
- Lá vai José gafanhoto
para mais uma viagem!
Violeta Figueiredo
Uma lágrima no mar
Uma lágrima
caiu no mar
e veio uma onda
para a abraçar.
Sal com sal
torna mais amargo
o grande areal.
Quem quiser chorar,
Que o faça ao luar.
Uma lágrima salgada
é uma espécie de peixe
que nem chora
nem nada.
Luís Infante
A árvore e o vento
A árvore, arrepiada,
disse para o vento:
"Vê lá se és
mais meigo, mais lento,
senão tenho
que ligar o aquecimento."
O vento, virando a brisa,
transformou-se em aragem
fresca e lisa,
deixando o vento a soprar
agreste e ciumento,
para ser fiel
ao seu temperamento
Depois disso nunca mais
a árvore se deixou embalar
nos largos braços do vento.
Luis Infante
Um dia
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Quando as crianças brincam
E eu as oiço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar
E toda aquela infância
Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.
Se quem fui é enigma,
E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta
Isto no coração
Fernando Pessoa
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é o meu norte
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Aonde há espaço:
Meu tempo é quando.
Vinicius de Moraes
O gafanhoto
Josezinho gafanhoto,
Piloto aviador,
bafejado pela aragem
descola só com um motor.
É manhã e o sol brilha.
Todos os barcos da ilha
há muito presos no porto
vibram à sua passagem:
- Lá vai José gafanhoto
para mais uma viagem!
Violeta Figueiredo
Uma lágrima no mar
Uma lágrima
caiu no mar
e veio uma onda
para a abraçar.
Sal com sal
torna mais amargo
o grande areal.
Quem quiser chorar,
Que o faça ao luar.
Uma lágrima salgada
é uma espécie de peixe
que nem chora
nem nada.
Luís Infante
A árvore e o vento
A árvore, arrepiada,
disse para o vento:
"Vê lá se és
mais meigo, mais lento,
senão tenho
que ligar o aquecimento."
O vento, virando a brisa,
transformou-se em aragem
fresca e lisa,
deixando o vento a soprar
agreste e ciumento,
para ser fiel
ao seu temperamento
Depois disso nunca mais
a árvore se deixou embalar
nos largos braços do vento.
Luis Infante
Um dia
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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